CASA
Como sentar na porta da rua
Instalação, 2021
Falar dela quase nunca fez sentido, mas agora tem.
da fibra ao ferro.
a dança, as linhas, o sol, a carcaça do coco, da morte.
um dia me vi deitada na terra, esperando os caramujos
consumirem meu corpo,
primeiro a carne,
a bunda, barriga, seios, lábios,
deixando apenas unhas e pêlos.
depois os ossos, consumidos por terras, bichos e vazio.
me vejo entre o caos das linhas, embaralhada nos tecidos tortos.
conforto
como sentar na porta da rua
e medo
é o que eu sinto, com cheiro de
carinho e chá de capim-limão
me entrego ao verde, às cores,
à terra. me sento,
pois as pernas cansam.
não encosto
nem forço acomodar a coluna
me repele pelo medo do desco-
-nhecido, me atrai pelo cansaço.
Referências: Sonia Gomes e Lídia Lisboa.